Certa tarde de segunda num arroubo,
Num ônibus subo, para não pensar, tentar,
Na cadeira junto à porta me aquieto,
De onde possa cada um contemplar,
Que por ela desfila inquieto.
A um tempo que perdi sua noção,
Sobe naquele ônibus acolhedor,
Esguia morena, de decote sedutor,
Seus cabelos, negros e pesados,
Revelam sua condição de mimados.
Por mim passou, e nem olhou,
Mas em pé, ao meu lado ficou,
E aquele cheiro forte de cio,
Para resistir, ao meu sofrer me alio.
E sem pensar, num ímpeto me levanto
E à bela dama, meu assento, num acalanto,
Ofereço com gentil e desprendido encanto.
Naquela tarde, que na memória ficou,
Ela, para de todos, espanto,
Meus lábios beijou, sem pudor!
Autoria: Alberto Valença Lima
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